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Que ao sair daqui, você tenha ativado sua sensação de paz, harmonia e auto-confiança.

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... e até que nos encontremos de novo...

que Deus lhe guarde, serenamente,
na palma de Suas mãos!



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segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Enquanto

Eu sei... eu sei!
É uma poesia triste mas...
Mas não posso fechar os ouvidos, os olhos a tudo o que se passa à minha volta...
Uma imagem do Kuait me fez lembrar o que aconteceu na minha terra...
que, pra quem não sabe é mais ou menos o mesmo do filme "Hotel Ruanda"

Enquanto
"Enquanto houver um homem caído de bruços no passeio
e um sargento que lhe volta o corpo com a ponta do pé
para ver como é;
enquanto o sangue gorgolejar das artérias abertas
e correr pelos interstícios das pedras,
pressuroso e vivo como vermelhas minhocas despertas;
enquanto as crianças de olhos lívidos e redondos como luas,
órfãs de pais e de mães,
andarem acossadas pelas ruas
como matilhas de cães;
enquanto as aves tiverem de interromper o seu canto
com o coraçãozinho débil a saltar-lhes do peito fremente,
num silêncio de espanto
rasgado pelo grito da sereia estridente;
enquanto o grande pássaro de fogo e alumínio
cobrir o mundo com a sombra escaldante das suas asas
amassando na mesma lama de extermínio
os osssos dos homens e as traves das suas casas;
enquanto tudo isto acontecer, e o mais que se não diz por ser verdade,
enquanto for preciso lutar até ao desespero da agonia,
o poeta escreverá com alcatrão nos muros da cidade:

ABAIXO O MISTÉRIO DA POESIA"

"Enquanto", poema de António Gedeão, Lisboa, 1906-1997

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