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... e até que nos encontremos de novo...

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na palma de Suas mãos!



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segunda-feira, 22 de setembro de 2008


Chegou a Primavera!
Bem-vinda sejas!
Na Natureza e em nossos corações!

"Brigada" Marli!



PRIMAVERA

Cecília Meireles




A primavera chegará,

mesmo que ninguém mais saiba seu nome,

nem acredite no calendário,

nem possua jardim para recebê-la.


A inclinação do sol vai

marcando outras sombras;

e os habitantes da mata,

essas criaturas naturais

que ainda circulam pelo ar

e pelo chão, começam

a preparar sua vida para

a primavera que chega.




Há bosques de rododendros que eram verdes

e já estão todos cor-de-rosa,

como os palácios de Jeipur.


Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar

as árias tradicionais de sua nação.


Pequenas borboletas brancas e amarelas

apressam-se pelos ares, e certamente conversam:

mas tão baixinho que não se entende ...




Finos clarins que não ouvimos

devem soar por dentro da terra,

nesse mundo confidencial das raízes,

— e arautos sutis acordarão as cores

e os perfumes e a alegria de nascer,

no espírito das flores.




Oh! Primaveras distantes,

depois do branco e deserto inverno,

quando as amendoeiras inauguram suas flores,

alegremente, e todos os olhos procuram

pelo céu o primeiro raio de sol.





Esta é uma primavera diferente,

com as matas intactas,

as árvores cobertas de folhas,

— e só os poetas, entre os humanos,

sabem que uma Deusa chega, de flores,

com vestidos bordados de flores,

com os braços carregados de flores,

e vem dançar neste mundo cálido,

de incessante luz.





Mas é certo que a primavera chega.

É certo que a vida não se esquece,

e a terra maternalmente se enfeita

para as festas da sua perpetuação.


Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim...

Algum dia, talvez,

os homens terão a primavera que desejarem,

no momento que quiserem,

independentes deste ritmo, desta ordem,

deste movimento do céu.



E os pássaros serão outros,

com outros cantos e outros hábitos,

— e os ouvidos que por acaso os ouvirem

não terão nada mais com tudo aquilo que,

outrora se entendeu e amou.






Enquanto há primavera,

esta primavera natural,

prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos,

que dão beijinhos para o ar azul.


Escutemos estas vozes que andam nas árvores,

caminhemos por estas estradas

que ainda conservam seus sentimentos antigos:

lentamente estão sendo tecidos

os manacás roxos e brancos;

a eufórbia se vai tornando pulquérrima,

em cada coroa vermelha que desdobra.

Os casulos brancos das gardênias ainda

estão sendo enrolados em redor do perfume.


E flores agrestes acordam

com suas roupas de chita multicor.





Tudo isto para brilhar um instante, apenas,

para ser lançado ao vento,

por fidelidade

à obscura semente

ao que vem,

na rotação da eternidade.




Saudemos a primavera,

dona da vida — e efêmera.





Texto extraído do livro

"Cecília Meireles - Obra em Prosa”

Volume 1, Editora Nova Fronteira

Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.

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