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Que ao sair daqui, você tenha ativado sua sensação de paz, harmonia e auto-confiança.

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... e até que nos encontremos de novo...

que Deus lhe guarde, serenamente,
na palma de Suas mãos!



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terça-feira, 6 de maio de 2008


O monstro mora ao lado?
Alexandre Mata Tortoriello - 01.05.08


Você conhece quem mora na casa ou apartamento em frente? E do lado? Quem são? Sabe os nomes? Do que são capazes?

Estou abismado com o caso do maníaco austríaco Joseph Fritzl. É chover no molhado dizer que a exploração sexual da filha e a manutenção em cárcere privado dela e dos seus filhos-netos por 24 anos é abominável. Em histórias como essa, as palavras parecem mancas, incapazes de expressar tamanha indignação.

Mas uma das coisas que mais chama a atenção é que durante todo esse tempo ninguém tenha desconfiado de nada. O "monstro da Áustria" pode ter sido um gênio em dissimulação, mas certamente foi ajudado pelo isolamento cada vez maior que vivemos. O fenômeno é mais comum em cidades grandes e em países teoricamente mais desenvolvidos, "desprovidos" de calor humano. E parece que essa é uma postura que se espalha junto com a globalização.

O direito à intimidade e à privacidade ganha contornos mais rígidos. Passamos a viver em bolhas. Os que tentam vencê-las – ou invadi-las –, são vistos como inconvenientes, enxeridos. Mas isso também é um reflexo da vida agitada, das múltiplas tarefas que temos que cumprir diariamente. As 24 horas do dia vão ficando mais e mais curtas. Fechamos a porta de casa e entramos em um universo próprio, só nosso. Às vezes, entre um email e outro, até temos tempo de falar rapidamente com algum amigo pela internet. Não raramente, ele está do outro lado do mundo.

Como resultado, resta-nos pouco tempo para o relacionamento com os vizinhos. As pessoas que dividem o mesmo espaço – rua, condomínio etc – mal se conhecem. Temos menos oportunidade de descobrir atitudes que possam despertar desconfiança, que possam ser indícios de que algo errado está acontecendo bem perto.

No caso da menina Isabella, de certa forma, o cenário é semelhante. Se o casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá tiver sido realmente responsável pela morte da menina, chamá-los de monstros é elogio. Mas é interessante que não vemos uma participação intensa dos vizinhos, seja para condená-los, ou defendê-los.

No meu prédio, aqui no apartamento ao lado, os vizinhos têm um casal de filhos. São lindos. Têm três e cinco anos (talvez até já tenham feito aniversário de novo). Isso é praticamente tudo que sei sobre eles. Os pais são simpáticos. Mas os breves encontros que temos no elevador ou no corredor não chegam a durar um minuto. No mesmo andar também mora uma lourinha que deve ter uns seis anos.

Duvido que qualquer um dos pais fosse capaz de jogar uma criança pela janela, mesmo que fosse o filho de outra pessoa. Mas se uma tragédia como a de Isabella acontecesse no meu andar, dificilmente eu poderia dar informações relevantes aos investigadores. Não teria como colocar a mão no fogo por eles. Os que estão do outro lado da parede são desconhecidos.

Eu fico impressionada como realmente isso acontece muito... essa distância! Fui acostumada lá em Angola a frequentar a casa dos vizinhos e a tratá-los como os "parentes" adotados!
Tinha a avó Angélica que era uma senhora negra e que eu a adotei como avó tal a sua doçura, a Menina Elisa que era como uma tia e era minha professora de banca (essa eu não gostava muito não mas só na horas das aulas, vcs imaginam pq, não é?) Tinha a Dona Odete... ah! essa era como uma mãe... enfim...
Essa herança eu levei por onde eu passei!
Aqui mesmo em Salvador tenho minha amiga Graça, que apesar de já ter me mudado a nossa amizade persiste, tenho D. Ana que mora aqui porta com porta e sei "quase " tudo dela, quando uma faz bolo leva pra outra, se fazemos festa nos convidamos, compartilhamos nossos segredos! Adotei também!
E o porteiro? É realmente um amigo e o trato como tal, sem essa dele ser um empregado do prédio, porque eu acho que é assim que deve ser! Não sou melhor que ele pra tratá-lo diferente!
Isso me dá uma sensação de família, de infância, sei lá!
Eu realmente não saberia viver de outro jeito...

Se vc não faz isso, pense no que eu falei e comece com um bom dia mais animado! Vc vai ver como é mais feliz!

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