É sempre bom tocarmos nesta mesma tecla! Quando estudava o Budismo me assombrei muito, nossa! Era mórbido mesmo pra mim esse assunto! Mas foi o que me ajudou a ajudar meu pai em seu leito de morte... mas enfim... vamos ao texto de Glauco!
É difícil em uma tragédia como esta, o vôo 447 da Air France, que 228 pessoas morreram não nos solidarizarmos com os parentes e amigos das vítimas. Há uma forte energia de compaixão por eles, e não de dó.
A grande diferença entre dó e compaixão é um simples posicionamento: quando sentimos dó de alguém é porque nos colocamos num patamar acima dele; quando sentimos compaixão estamos todos no mesmo degrau.
Mas o que podemos extrair de útil desta tragédia para as nossas vidas e dos parentes que ficaram?
Quantas pessoas entraram naquele avião sem se despedir de parentes e amigos? Quantos entraram brigados com Pai, Mãe, irmão ou qualquer ente querido?
Quem deixou de dizer para seu familiar ou amigo que o amava e sentiu vergonha?
Quantos deixaram para resolver algum conflito que tinham quando retornassem?
Quantos estavam fazendo planos para o futuro?
Quantos estavam fazendo tantas coisas...
Na Índia assisti à palestra de um “mestre” que dizia que a maior mentira que contamos para nós mesmos é que não somos em essência Deus.
Eu respeito a verdade dele, mas acredito em outra mentira maior que contamos a nós mesmos todos os dias: que nunca iremos morrer.
Seguimos a nossa rotina como se a morte não existisse, como se apenas as outras pessoas morressem. Acredito que deveríamos agir de maneira totalmente contrária: vivermos como se fossemos morrer no próximo segundo.
O Budismo fala muito sobre este tema, a morte, o que para algumas pessoas o consideram mórbido. Mas muito sabiamente eles falam sobre a morte para que você reflita sobre a sua vida, pois a única certeza que temos é que iremos morrer. Isso é motivo de muita alegria sabermos que ainda temos a oportunidade de, neste momento, realizarmos os nossos desejos, expressarmos nossas emoções, dizermos o quanto o outro é importante para nós, quanto amamos, quanto nos magoamos, quanto tudo nós tivermos vontade de fazer.
Não deixarmos que a vergonha, medo e o receio do que os outros vão pensar interfira na nossa decisão de viver a vida enquanto podemos. É uma frase muito mal percebida e dita de maneira banal mas corresponde a uma verdade: só temos o agora.
Sei que isso não é fácil para mim nem para você, mas é uma semente que temos que regar todos os dias. Este pode ser meu último artigo, por que não?
Paz e muita luz na vida dos familiares.
Glauco Tavares
Um comentário:
Ótimo texto!
Bjs.
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