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quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Natal Consciente



Natal Consciente

As festas de fim de ano são uma oportunidade para uma celebração que valorize, mais do que os presentes, a expressão de afeto pelas pessoas a quem queremos bem

Por Helio Mattar*

O Natal tem se distanciado cada vez mais do espírito original da festa cristã. Na verdade, nos últimos tempos as comemorações natalinas mais se parecem com as bacanais pagãs dos antigos gregos ou com a adoração do novilho de ouro. O consumismo, o materialismo e os desperdícios tornaram-se a marca de uma festa que perdeu seu caráter simbólico de renascimento e confraternização.

O Natal é apenas o reflexo de padrões de consumo que têm se revelado insustentáveis. São bastante eloquentes os espantosos números das festas de final de ano dos Estados Unidos, dando uma idéia do enorme impacto ambiental provocado pelo consumo de

Natal naquele país, lembrando que o modelo americano é hoje copiado ou aspirado em todo o mundo.

Nos meses de novembro e dezembro as despesas das famílias americanas aumentam cerca de 25%. As famílias levam os primeiros 6 meses do ano pagando dívidas contraídas na época do Natal. Sacolas de compras, alimentos desperdiçados, embalagens e papel de presente adicionam um milhão de toneladas por semana aos depósitos de lixo. A metade do papel consumido no ano é usada nos pacotes de final de ano e mais de 50 mil km de fitas são consumidos a cada ano. Em 2005, foram gastos 15 bilhões de dólares em decoração de Natal. Quarenta por cento do consumo anual de pilhas e baterias acontece no final do ano.

O momento em que o mundo atravessa uma crise financeira sem precedentes é uma boa hora para refletirmos sobre o papel que as coisas materiais passaram a representar em nossa cultura, quanto isto tem custado em esforço de trabalho para nós, e também quanto tem custado em recursos naturais que desequilibram a vida em nosso planeta. Não se trata de consumir ou não. O consumo é uma parte necessária da vida. Trata-se de consumir com consciência dos impactos produzidos pelo nosso consumo.

De um modo mais geral, tire a ênfase dos aspectos comerciais do Natal e dê lugar a uma celebração que tenha mais significado: junto das pessoas que você ama e com uma grande fartura de afeto mais do que de presentes. E influencie outras pessoas para esta nova consciência.

O Natal e o final do ano são épocas de balanço e oportunidade para refletirmos sobre o mundo que estamos deixando para as futuras gerações. Os presentes são a menor parte da expressão do que a vida significa para nós. A expressão de sentimentos e afeto por aqueles a quem queremos bem devem tomar a maior parte de nossa energia nas festas de final de ano. O Natal terá um significado especial e será lembrado por todos mais do que os presentes trocados.

*Helio Mattar é diretor-presidente do Instituto Akatu.

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