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que Deus lhe guarde, serenamente,
na palma de Suas mãos!



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domingo, 5 de outubro de 2008



Parábolas de Jesus: o semeador

A missão de Cristo, enquanto esteve na Terra, não foi devidamente compreendida pelas pessoas de Seu tempo. A maneira de Sua vinda não estava em harmonia com a expectativa deles. As cerimônias judaicas foram ordenadas por Deus para ensinar ao povo que, no tempo determinado, viria Aquele para o qual aquelas cerimônias apontavam. Mas os judeus tinham exaltado as formalidades e cerimônias, perdendo de vista o seu objetivo.

Essas tradições tornaram-se um obstáculo para a compreensão da verdadeira religião. E ao vir a realidade, na pessoa de Cristo, não reconheceram nEle o cumprimento de todos os símbolos que aquelas cerimônias representavam. Em vez de um Salvador, pediam um sinal. Esperavam que o Messias viesse impor o Seu império sobre os reinos terrestres.

Como resposta a essa expectativa equivocada, Cristo revelou a parábola do semeador. O reino de Deus não devia prevalecer pela força de armas nem por intervenções violentas, mas pela implantação de um princípio novo no coração dos homens.

Mateus 13:1: “Naquele mesmo dia, saindo Jesus de casa, assentou-Se à beira-mar;”

Mateus 13:2: “e grandes multidões se reuniram perto dEle, de modo que entrou num barco e Se assentou; e toda a multidão estava em pé na praia.”

Mateus 13:3: “E de muitas coisas lhes falou por parábolas e dizia: Eis que o semeador saiu a semear.”

“O que semeia a boa semente é o Filho do homem” (Mt 13:37) – Cristo viera, não como rei, mas como semeador; não para subverter reinos, mas para espalhar a semente; não para levar Seus seguidores a triunfos terrenos, mas para estabelecer novos princípios.

Jesus explicou essa parábola do mesmo modo que torna clara a Sua palavra para todos os que O procuram com sinceridade de coração. Os que estudam a Palavra de Deus com o coração aberto não ficam sem entendê-la. “Se alguém quiser fazer a vontade dEle”, disse Cristo, “pela mesma doutrina, conhecerá se ela é de Deus ou se Eu falo de Mim mesmo” (Jo 7:17).

Quando saiu a semear, Cristo deixou o Seu lar seguro e cheio de paz, deixou a glória que possuía junto ao Pai antes de o mundo existir, deixou Sua posição no trono do Universo. Do mesmo modo, Seus servos precisam sair para semear. Todos os que são chamados precisam deixar tudo para seguir a Jesus. Velhas relações precisam ser cortadas. Planos de vida devem ser abandonados, esperanças terrenas renunciadas. Com muito trabalho, deve a semente ser lançada.

A semente é a Palavra de Deus (Mc 4:14). Cristo veio para lançar as sementes da verdade. Toda semente tem em si um princípio germinativo. Nela está contida a vida da planta. Do mesmo modo, há vida na Palavra de Deus. “As palavras que Eu vos disse são espírito e vida” (Jo 6:63). “Quem ouve a Minha palavra e crê naquele que Me enviou tem a vida eterna” (Jo 5:24). Aquele que pela fé aceita a Palavra de Deus, recebe a própria vida. Porém, quando a Palavra de Deus é posta de lado, o poder de refrear as paixões pecaminosas do coração natural é rejeitado e o espírito acaba cedendo às tentações.

O semeador deve comunicar aquilo que ele conhece por experiência própria. “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas, mas nós mesmos vimos a Sua majestade” (2Pd 1:16).

Lucas 13:4: “E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e, vindo as aves, a comeram.”

Lucas 13:5: “Outra parte caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra.”

Lucas 13:6: “Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se.”

Lucas 13:7: “Outra caiu entre os espinhos, e os espinhos cresceram e a sufocaram.”

Lucas 13:8: “Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto: a cem, a sessenta e a trinta por um.”

Lucas 13:9: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.”

Lucas 13:10: “Acercando-se dEle os discípulos, disseram-Lhe: Por que lhes falas por meio de parábolas?”

Lucas 13:11: “Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios [segredos] do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado.”

O segredo de Deus é a revelação de Si mesmo (AP 1:1). “O segredo do Senhor é para os que O temem” (Sl 25:14). “Nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12:10).



A explicação da parábola

Lucas 13:18: “Atendei vós, pois, à parábola do semeador.”

Lucas 13:19: “A todos os que ouvem a palavra do reino e não a compreendem, vem o maligno e arrebata o que lhes foi semeado no coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho.”

Lucas 13:20: “O que foi semeado em solo rochoso, esse é o que ouve a palavra e a recebe logo, com alegria;”

Lucas 13:21: “mas não tem raiz em si mesmo, sendo, antes, de pouca duração; em lhe chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.”

Lucas 13:22: “O que foi semeado entre os espinhos é o que ouve a palavra, porém os cuidados do mundo e a fascinação das riquezas sufocam a palavra, e fica infrutífera.”

Lucas 13:23: “Mas o que foi semeado em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende; este frutifica e produz a cem, a sessenta e a trinta por um.”

Jesus Cristo é o semeador. Sua palavra é a semente e cada tipo de solo representa o coração humano.

A semente lançada à beira do caminho

Esta semente representa a Palavra de Deus quando chega ao coração de alguém que ouve, mas não obedece. Não percebe que o recado de Deus se aplica a si mesmo. Ouve a mensagem como alguma coisa que não lhe diz respeito. As mensagens entram por um ouvido e saem pelo outro. Não faz a mínima diferença na vida do ouvinte. Este coração simplesmente rejeita a palavra, por acreditar que não tem nada a ver com sua vida.

As coisas de Deus “se discernem espiritualmente” (1Co 2:14), pois “não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?” (1Co 1:20). “Pois tendo conhecido a Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças, antes seus raciocínios se tornaram fúteis e seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos” (Rm 1:21, 22). Jamais poderíamos compreender os mistérios de Deus unicamente pelo raciocínio humano.

“O cálice mais difícil de conduzir, não é o que se acha vazio, mas o que está cheio até às bordas. É este que de mais cuidadoso equilíbrio necessita. A aflição e diversidade trazem decepção e dor; mas é a prosperidade que mais perigo oferece à vida espiritual”, escreveu Ellen G. White.

Satanás e seus anjos estão nas reuniões onde o evangelho é pregado. Enquanto anjos do Céu se esforçam para impressionar os corações com a Palavra de Deus, o inimigo está alerta para torná-la sem efeito. Com fervor só comparável à sua maldade, procura frustrar a obra do Espírito Santo. Enquanto Cristo, pelo Seu amor, atrai o coração do ouvinte, Satanás procura desviar a atenção daquele que é movido a buscar o Salvador. Preocupa a mente com projetos mundanos. Instiga a crítica ou insinua dúvida e incredulidade.

A semente lançada no solo rochoso

Representa a pessoa que aceita a mensagem com alegria, mas logo desiste dela. O momento de fervor foi só uma empolgação. A planta brota rapidamente, mas as raízes não podem penetrar no rochedo a fim de obter nutrição para sustentar seu crescimento, e logo perece. Esta classe pode ser convencida com facilidade, mas possui uma religião superficial.

Deus deseja que aceitemos Sua Palavra tão logo ela penetre em nosso coração e mente. Mas aqueles de quem a parábola está falando, os que aceitam a mensagem por impulso ou emoção, não calculam o custo. Não ponderam o que deles exige a Palavra de Deus. Não a confrontam com os seus hábitos de vida e não se submetem a ela. Em decorrência, desistem quando descobrem o preço do discipulado.

A vida espiritual é alimentada diariamente pelo relacionamento com Cristo. Mas os ouvintes de pedregais confiam em si mesmos em vez de confiar em Cristo. Depositam sua confiança nas boas obras e bons motivos e estão convictos em sua própria justiça.

Muitos aceitam o evangelho para escapar do sofrimento e não para serem libertos do pecado. Tornar-se cristão não é ter uma apólice de seguro. As provações virão. Enquanto a vida decorre suavemente, podem parecer firmes. Porém, sucumbem diante da primeira angústia. Afastam-se quando Deus lhes aponta algum pecado acariciado ou exige renúncia e sacrifício. Não querem “nascer de novo”. Não desejam se regenerar.

Não há disposição de fazer uma mudança radical de vida. São esses os que fixam os olhos nas desvantagens e provações presentes e se esquecem das realidades eternas. Como os discípulos que deixaram Jesus, estão também prontos para dizer: “Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” (Jo 6:60). A verdade é mal recebida.

A semente lançada entre os espinhos

Representa aquele que ouve, mas não desiste da velha vida. É apenas envolvimento, sem compromisso. A semente do evangelho cai muitas vezes entre espinhos e ervas daninhas. Se não ocorrer uma transformação moral no coração humano e não forem abandonados velhos hábitos e práticas da vida anterior pecaminosa, a colheita será sufocada.

Se o coração não for guardado sob a direção de Deus, os velhos costumes vão reaparecer na vida. Os seres humanos podem afirmar sua crença no evangelho, mas a não ser que sejam por ele santificados, nada vale sua religião. Se não obtiverem vitória sobre o pecado, este estará obtendo vitória sobre eles. Os espinhos cortados, mas não arrancados, brotam novamente até sufocar a alma.

Cristo especificou as coisas que são perigosas para a alma: “os cuidados deste mundo, a fascinação das riquezas” (v. 22) e “os deleites da vida” (Lc 8:14).

“Os cuidados deste mundo” – Nenhuma classe está livre da tentação dos cuidados deste mundo. Aos pobres o medo da pobreza traz preocupações; aos ricos vêm o temor de perda e uma multidão de ansiedades. Muitos dos seguidores de Cristo esquecem as lições que Ele ensinou sobre as flores do campo e as aves do Céu (Mt 6:25-34). Não confiam em Sua constante providência. Toda a sua energia é absorvida em negócios comerciais. É verdade que os cristãos precisam trabalhar, precisam ocupar-se em atividades e podem fazê-lo sem cometer pecado. Mas muitos se tornam tão absortos em negócios que não têm tempo para orar, para estudar a Bíblia, para procurar e servir a Deus. As coisas da eternidade são tidas como secundárias, e as do mundo, supremas.

“A fascinação das riquezas” – O amor às riquezas tem poder apaixonante e ilusório. Em vez de despertar gratidão para com Deus, as riquezas conduzem à exaltação própria. O homem materialista perde o senso de sua dependência de Deus e de sua obrigação para com o próximo. “Porque o amor do dinheiro é a raiz de todos os males” (1Tm 6:10).

“Deleites da vida” – Há perigo em determinadas diversões. Todos os hábitos de condescendência que debilitam a mente ou que entorpecem as percepções espirituais “combatem contra a alma” (1Pd 2:11).

Por meio da parábola do semeador, Cristo demonstra que os resultados da colheita dependem do solo. O semeador e as sementes são em cada caso os mesmos. Mas temos o poder de escolha, e depende de nós o que queremos ser. Os ouvintes comparados com o caminho, ou com o solo pedregoso, ou com o chão cheio de espinhos não precisam permanecer assim. Em Cristo, há novidade de vida. O que ele oferece é transformação a qualquer momento. Todos esses solos (corações) podem dar bons frutos, se permitirem que o Semeador semeie a palavra. Assim, o solo que antes era infértil, passa a ser bom para o plantio.

A semente lançada em boa terra

O “coração honesto e bom” (Lc 8:15) do qual fala a parábola não é um coração sem pecado, pois o evangelho é para os perdidos. Cristo disse: “Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores” (Mc 2:17). Quem se rende à convicção do Espírito Santo é o que tem coração honesto. Reconhece sua culpa e sente-se necessitado da misericórdia e do amor de Deus. Tem desejo sincero de conhecer a verdade para obedecer-lhe. Este “é o que ouve a Palavra e a compreende”. O ouvinte da boa terra recebe a Palavra, “não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade) como Palavra de Deus” (1Ts 2:13). O conhecimento da verdade depende não tanto da capacidade intelectual e muito mais da pureza de propósito, da simplicidade de uma fé sincera e confiante.

Que tipo de solo você representa?

(Texto da Jornalista Graciela Érika Rodrigues, inspirado na palestra do advogado Mauro Braga.)

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