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Quero sempre lembrar que NÃO SOU terapeuta nem psicóloga, apenas uma artista plástica que adora ser ZEN, gosta de ajudar os outros e acredita firmemente que SOMOS TODOS UM!

Que ao sair daqui, você tenha ativado sua sensação de paz, harmonia e auto-confiança.

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... e até que nos encontremos de novo...

que Deus lhe guarde, serenamente,
na palma de Suas mãos!



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domingo, 5 de outubro de 2008






Onde foi parar o tempo?

Marcelo Canellas



Onde foi parar

o tempo que ganhamos?

Havia mais terrenos baldios.

E menos canais de televisão.

E mais cachorros vadios.

E menos carros na rua.



Havia carroças na rua.

E carroceiros fazendo o pregão dos legumes.

E mascates batendo

de porta em porta.

E mendigos pedindo pão velho.

Por que os mendigos

não pedem mais pão velho?



A Velha do Saco assustava as crianças.

O saco era de estopa.

Não havia sacos plásticos,

levávamos sacolas de palha para o supermercado.

E cascos vazios para trocar por garrafas cheias.

Refrigerante era caro.

Só tomávamos no fim de semana.



As latas de cerveja eram de lata mesmo,

não eram de alumínio.

Leite vinha num saco.

Ou então o leiteiro entregava em casa,

em garrafas de vidro.

Cozinhava-se com banha de porco.

Toda dona-de-casa tinha

uma lata de banha debaixo da pia.



O barbeador era de metal,

e a lâmina era trocada de vez em quando.

Mas só a lâmina.

As camas tinham suporte para mosquiteiro.

As casas tinham quintais.

Os quintais tinham sempre uma laranjeira,

ou uma pereira, ou um pessegueiro.

Comíamos fruta no pé.



Minha vó tinha fogão a lenha.

E compotas caseiras abarrotando a despensa.

E chimia de abóbora, e uvada, e pão de casa.

Meu pai tinha um amigo que fumava palheiro.

Era comum fumar palheiro na cidade;

tinha-se mais tempo para picar fumo.

Fumo vinha em rolo

e cheirava bem.



O café passava pelo coador de pano.

As ruas cheiravam a café.

Chaleira apitava.

O que há

com as chaleiras de hoje

que não apitam?



As lojas de discos vendiam long plays e fitas K7.

Supimpa era ter

um três-em-um:

toca-disco, toca-fita e rádio AM

(não havia FM).

Dizia-se 'supimpa',

que significa 'bacana'.

Pois é, dizia-se 'bacana', saca?



Os telefones tinham disco.

Discava-se para alguém.

Depois, punha-se o aparelho no gancho.

Telefone tinha gancho. E fio.

Se o seu filho estivesse no quarto dele

e você no seu escritório,

você dava um berro pra chamar o guri,

em vez de mandar um e-mail

ou um recado pelo MSN.



Estou falando de outro milênio,

é verdade.

Mas o século passado foi ontem!

Isso tudo acontecia

há apenas 20 ou 25 anos,

não mais do que o espaço

de uma geração.



A vida ficou muito melhor.

Tudo era mais demorado,

mais difícil,

mais trabalhoso.



Então por que engolimos o almoço?

Então por que estamos sempre atrasados?

Então por que ninguém mais

bota cadeiras na calçada?

Alguém pode me explicar onde foi parar

o tempo que ganhamos?








Só de Passagem

Conta-se que um turista foi à cidade do Cairo, no Egito, visitar um famoso Rabino.

O turista ficou muito surpreso ao ver que o Rabino morava num quarto simples cheio de livros.

As únicas peças de mobília eram uma mesa e um banco.

- Onde estão os seus móveis? - perguntou o turista.

E o rabino bem depressa, perguntou também:

- E os seus? Onde estão?

- Os meus? - disse o turista.

- Mas eu estou apenas de passagem!

- Eu também! Disse o Rabino.

A vida na terra é só uma passagem e, no entanto, vivemos tentando possuir coisas e pessoas, como se fôssemos ficar aqui eternamente.

Seja simples!



Um comentário:

Reinaldo Lima disse...

Muito bom seu texto , simples e direto , prefiriria os tempos passado , onde nao havia essa bagunca em que vivemos nos dias atuais e tudo caminhava mais lentamente. Hoje o tempo parece esta voando cada vez mais, a tecnologia avanca e o tempo parece tambem correr na mesma velocidade, agora os seres humanos estao se tornando cada vez mais individualistas e frios .
Esses sao os tais tempos modernos, cheios de tecnologia e sem amor .
Abracos .