Como vocês bem sabem, tenho estado recolhida para um tempo de revisões, que chamei de “uma pausa para crisalidar”. Dentre as percepções e novas ações, resolvi fazer algumas mudanças em meus hábitos alimentares.
Gosto de pensar que cada um de nós tem um talento especial, o qual pode ser trocado com os mais próximos para que nossas vidas fiquem enriquecidas dessas sabedorias particulares. Portanto, para efetuar com segurança essas mudanças, busquei o talento de minha querida amiga Conceição Trucom. Ela é autora dos livros ‘Alimentação Desintoxicante’ e ‘O Poder de Cura do Limão’. Além disso, é uma pessoa linda, que transborda vida e energia positiva por todo o seu ser...
De tudo de importante e especial que ela tem me ensinado, o que mais me tocou foi sobre o cru. Aproveitei as preciosas dicas para, sobretudo, freqüentar mais e mais a feira. E enquanto ela vai me falando sobre as vitaminas, as enzimas, os minerais e toda a riqueza que pode ser assimilada dos alimentos vivos (como ela os chama) e do quanto tudo isso revivesce nosso organismo e muda nossa saúde de modo integral, eu vou viajando no ‘cru’... no ‘ser cru’...
E tenho refletido sobre o quanto, ao longo da vida, vamos desvalorizando o que é cru dentro e fora da gente, vamos nos perdendo em processos absolutamente desnecessários. Iludidos pelos sabores artificiais e pela estética industrialmente elaborada, vamos criando maneiras de não sermos nós, mas sim sermos quem acreditamos que os outros desejam que sejamos (ainda que essa crença seja também apenas uma ilusão).
Engolidos por este desejo adoecido de sermos aceitos num mundo onde bom é quem se encaixa nos moldes inventados, perdemos os nutrientes que nos tornam únicos e, portanto, genuinamente diferentes, desencaixados de qualquer molde.
Acho que fica mais fácil compreender o que acontece conosco se pensarmos no refinamento pelo qual passa o arroz, por exemplo. Para deixar seu aspecto aparentemente mais bonito, ele é processado até que fique completamente branco; com isso, chega a perder até 75% de seu valor nutritivo, que está justamente na película escura que reveste o grão. O fato é que quando se refina o arroz até deixá-lo branco, seu germe é destruído e o grão não tem mais vida; é, portanto, um alimento morto.
De integral, pleno de vida e nutrientes, é transformado em “nada”... mas pelo menos é um nada “bem mais bonito, bem mais apresentável”, na opinião da indústria e, consequentemente, na opinião da maioria dos consumidores de arroz.
Bem, não pretendo falar sobre alimentação, e sim sobre essência, sobre processos internos e, em última instância, sobre os refinamentos aos quais nos submetemos sem nos darmos conta de que estamos nos matando, abrindo mão do que há de mais íntegro e vivo em nós...
E fazemos isso, na grande maioria das vezes, simplesmente para ‘parecermos’ melhores. Seja ganhando mais dinheiro, seja sustentando um emprego incoerente com nossos valores, seja investindo em conquistas que só alimentam a nossa vaidade, seja mantendo relações superficiais para termos a sensação de controle dos sentimentos. Enfim, temos apostado muitas vezes num refinamento que nos torna vazios.
É por isso que me decido agora pelo que é íntegro e cru. Menos defesas e mais espontaneidade. Menos hambúrguer e mais brócolis. Menos maquiagem e mais transparência. E, nesta medida, bem mais essência nesta vida ainda que, muitas vezes, nossas cascas fiquem à mostra!
Rosana Braga |
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