EM ALGUM LUGAR NO PASSADO
Num tempo que transcende
minha capacidade de entendimento atual,
e que difere das limitações impostas
por um corpo denso,
propus-me, como voluntário,
a participar da tarefa
a favor da implantação da Luz.
Tenho seqüelas dessa caminhada
e lampejos breves de recordação.
Procuro como tantos outros,
recordar a promessa que fiz
a quem em mim confiou e, no mínimo,
corresponder à expectativa.
Caí por diversas vezes,
falhei em muitas missões,
mas tenho consciência
de que apenas experienciando
é que eu aprenderia com os erros.
Como entender o espírito sem antes
ter passado por um corpo físico?
Como saber o que é o amor sem ter sentido
o antagonismo do ódio?
Como valorizar o bem-estar
se nunca me senti mal?
Como sentir alegria de vencer
se jamais fui derrotado?
Como valorizar a alegria sem ter chorado?
E vou por aí afora....
Enfrento os obstáculos
que eu mesmo coloquei.
Arranho-me nos espinhos que plantei,
colho o que semeei.
Que força interior é essa
que parece não existir,
mas que aflora
em momentos de desânimo?
A imagem e semelhança do Pai
habita em meu interior.
Ela quer se expandir,
mas a casca ainda é grossa.
Sinto-a em lampejos de amor incondicional,
diferente do possessivo, passional, carnal;
percebo-as nas lágrimas roubadas
da dureza do meu coração, tento agarrá-la
nos momentos de equilíbrio e lucidez.
Não posso caminhar sozinho,
pois sou parte de um Todo.
Sou espelho de todos os seres viventes
e reflito e sou refletido por todos os atos,
sentimentos e dramas de cada um.
Tenho consciência
de que o que acontece
ao outro reflete em mim.
Temos unidade tanto
de propósitos quanto de origem.
Nossas casas natais são diferentes,
mas lembremo-nos,
sempre no terreno do Criador.
Movido por emoções,
vou procurando transmutá-las em ações
sadias, fraternas, altruístas.
Reta final de um tempo
que jamais vou querer vivenciar
novamente.
Creio que por estarmos
galgando a quarta dimensão,
já caminhamos muito para estar aqui,
não sendo coerente este comportamento humano
que lembra estágios em dimensões inferiores.
As forças que combatem a luz sabem
que o momento é decisivo....
hora da conquista final:
Ou ficamos no mesmo degrau,
ou galgamos mais um.
Há gente nos puxando para baixo,
mas há muito mais
nos puxando para cima.
Quem decide para onde ir?
Ninguém salva ninguém.
Ninguém caminha pelo outro,
o degrau só é galgado por nós.
Momentos de grandes transformações,
processo irreversível.
Conflitos afloram,
pois estão enraizados em nosso ser.
Chegou a hora de zerar nosso passivo,
pois ninguém alcança a
quadrimensionalidade com saldo devedor.
Cada um sabe como pagar sua conta;
não há empréstimos, não há crédito,
só mérito.
E lembrem-se, sua tarefa
é fazer com que todos subam com você,
pois com egoísmo não há evolução.
Respeite o caminho do outro.
Todos têm seu momento
de despertar, não force ninguém.
Seja você apenas, lembrando que...
é o espelho do outro.
Se você melhora, melhora o outro,
e assim por diante.
Creio que escrevi para mim mesmo,
eu precisava ler isto.
Em algum lugar do passado,
deixei uma conta pendente...
Eustáquio Andréa Patounas
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