Passei o Carnaval todo em plena Ilha de Itaparica, numa casa belíssima de uma Promotora de Justiça, fazendo uma espécie de Retiro Artístico!
Ou seja, foram 7 dias pintando painéis que logo colocarei fotos aqui.
Foram dias de descobertas, desafios, criação, pesquisa de arte rupestre, desenvolvimento de técnicas, superação, enfim, quase uma terapia!
No penúltimo dia passei por uma situação que tem tudo haver com este texto. Depois de tanto tempo de "terapia" tive uma recaída em relação às mágoas que sentia e que envenenavam minha alma.
Por causa de uma situação alheia a mim, voltei a sentir aquela sensação de rejeição, aquela dor horrível aqui dentro...
Aí, me recolhi e acabei chorando... Logo a seguir a pessoa que, indiretamente me levou a sentir aquilo, me procurou querendo saber o que se passava.
Em outra altura de minha vida eu provavelmente daria uma desculpa com medo de parecer boba, frágil, mas desta vez não!
Consegui ser TRANSPARENTE!
Consegui dizer a ela exatamente o que havia me acontecido sem medo de ser julgada ou ridicularizada!
Tive coragem de me expôr, de chorar, de falar até de um passado que sempre me machucou e eu guardei...
Consegui desnudar a alma!
Senti que aflorou essa tal de doçura! Eu me senti tão bem...
Só posso agradecer!
Deixe aflorar toda a sua doçura!!!
Rosana Braga
(Colaboração de Denise Dinigre)
Às vezes, fico me perguntando porque é tão difícil ser transparente...
Costumamos acreditar que ser transparente é simplesmente ser sincero, não enganar os outros.
Mas ser transparente é muito mais do que isso.
É ter coragem de se expor, de ser frágil, de chorar, de falar do que a gente sente...
Ser transparente é desnudar a alma, é deixar cair as máscaras, baixar as armas, destruir os imensos e grossos muros que insistimos tanto em nos empenhar para levantar...
Ser transparente é permitir que toda a nossa doçura aflore, desabroche, transborde.
Mas infelizmente, quase sempre, a maioria de nós decide não correr esse risco.
Preferimos a dureza da razão à leveza que exporia toda a fragilidade humana.
Preferimos o nó na garganta às lágrimas que brotam do mais profundo de nosso ser...
Preferimos nos perder numa busca insana por respostas imediatas a simplesmente nos entregar e admitir que não sabemos, que temos medo!!!
Por mais doloroso que seja ter de construir uma máscara que nos distancia cada vez mais de quem realmente somos, preferimos assim:
manter uma imagem que nos dê a sensação de proteção.
E assim, vamos nos afogando mais e mais em falsas palavras, em falsas atitudes, em falsos sentimentos...
Não porque sejamos pessoas mentirosas, mas apenas porque nos perdemos de nós mesmos e já não sabemos onde está nossa brandura, nosso amor mais intenso e não-contaminado...
Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar... doçura, compaixão...
a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos...
daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos.
Porque, infelizmente, aprendemos que é melhor revidar, descontar, agredir, acusar, criticar e julgar do que simplesmente dizer:
“você está me machucando... pode parar, por favor!”.
Porque aprendemos que dizer isso é ser fraco, é ser bobo, é ser menos do que o outro.
Quando, na verdade, se agíssemos com o coração, poderíamos evitar tanta dor, tanta dor...
Sugiro que deixemos explodir toda a nossa doçura.
Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencíveis...
Que consigamos não prender o choro, não conter a gargalhada, não esconder tanto o nosso medo, não desejar parecer tão invencíveis...
Que consigamos não tentar controlar tanto, responder tanto, competir tanto...
Que consigamos docemente viver... sentir, amar...
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