Sempre achei que não agüentaria ver meu pai ou minha mãe dentro de um caixão...
Mas na época em que ele partiu, eu já estava entendendo melhor a morte sob o olhar budista e portanto foi mais... digamos tranqüilo! Quando soube que ele tinha piorado e dado entrada na UTI, chorei, chorei bastante mas logo em seguida me lembrei de tudo o que havia aprendido e fiz a sadana da purificação para logo em seguida correr pra junto dele.
Toquei levemente sua mão... e disse:
- Pai, se chegou a tua hora de partires... vai em Paz!
Mas se não chegou a tua hora, reage! Luta!
Nem 2 minutos depois tocou um apito e olhei para os aparelhos
Os médicos mandaram que eu saísse...
Logo a seguir meu pai se foi!
Foi um dia difícil pra mim, pra todos nós que o amávamos...
Foi aí que resolvi ler " O LIVRO TIBETANO DO VIVER E DO MORRER" de Sogyal Rinpoche. (Recomendo a todos mesmo não sendo budistas)
"... Ainda assim, a reflexão pode gradualmente trazer-nos a sabedoria. Percebendo que caímos com freqüência em arraigados padrões repetitivos de comportamento, começamos a ansiar por nos livrarmos deles. Podemos, é claro, recair neles muitas e muitas vezes, mas lentamente podemos emergir até a mudança acontecer.
O seguinte poema fala a todos nós.
Chama-se "Autobiografia em Cinco Capítulos"
1) Ando pela rua
Há um buraco fundo na calçada
Eu caio
Estou perdido... sem esperança.
Não é culpa minha.
Leva uma eternidade para encontrar a saída.
2)Ando pela mesma rua
Caio nele de novo.
Não posso acreditar que estou no mesmo lugar.
Mas não é culpa minha.
Ainda assim leva um tempão para sair.
3) Ando pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada
Meus olhos se abrem
Sei onde estou
4) Ando pela mesma rua
Há um buraco fundo na calçada
5) Ando por outra rua.
A finalidade de refletir sobre a morte é fazer uma mudança real nas profundezas do seu coração, e chegar a aprender como evitar o "buraco na calçada" e como "andar por outra rua". Com freqüência isso vai exigir um período de retiro e de profunda contemplação, porque somente isso pode abrir nossos olhos para o que estamos fazendo das nossas vidas!"
Um comentário:
tb prefiro escrever... este ano escolhi esta frase pra vc meu Avô Querido. Sei que vc está no céu olhando por nós.
Te Amo.
Paula Capelo da Costa
"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros.
Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram. Não perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre."
(Miguel Sousa Tavares - Escritor português, a propósito da perda de sua mãe, a escritora e poetisa Sophia de Mello-Breyner)
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